Em geral, as mulheres responsáveis pela família têm maior escolaridade, dividem a rotina de trabalho fora de casa com os afazeres domésticos, trabalham mais e ganham menos. "Não há mais a ideia da figura feminina só dentro de casa, mas nem por isso a mulher deixou de realizar as atividades domésticas, o que gera uma sobrecarga tanto física quanto emocional", diz Madalena Guilhon, coordenadora-geral do Elas Fundo de Investimento Social.
A taxa de fecundidade também diminuiu entre as mulheres, segundo dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 10 anos, despencou de 2,38 para 1,9 a quantidade de filhos por mulher, o que torna as famílias brasileiras cada vez menores. Hoje, em média, há 3,3 moradores por domicílio, contra 5,3 pessoas que dividiam o mesmo teto há 50 anos. "A maior escolaridade das mulheres e o acesso à educação permite que elas planejem a gravidez. Além disso, pesa a questão econômica. Criar um filho custa caro e a mãe quer sempre dar o melhor para ele", diz Madalena.
Ainda segundo dados do IBGE em 2010, mulheres com mais anos de estudo são mães mais tarde e têm menos filhos. Aquelas com ao menos o ensino fundamental completo tinham, em média, 1,68 filho, quase a metade do número de filhos tido por mulheres com até 7 anos de estudo, que é de 3,19.
Mas mesmo com tantas mudanças, a mulher ainda desempenha um importante papel no equilíbrio emocional da família. "Ela funciona como uma mediadora, uma figura de acolhimento, uma pessoa que decodifica o ambiente. A família é uma espécie de laboratório, onde é preciso ter alguém que ensine, acolha e escute. É importante que alguém cuide disso", diz a terapeuta familiar Maria Luiza Vieira Fava.