quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Download grátis pode estar com dias contados

Baixar um filme para ver no fim de semana ou aquele disco que tinha em vinil e nunca mais ouviu? Há anos a internet tem disponibilizado milhões de arquivos digitais para download livre. Milhões de pessoas certamente construíram sua própria filmoteca ou discoteca dentro de seus computadores ou HDs (hard disk, unidades de armazenamento) portáteis. No entanto, a festa de compartilhamento gratuito de arquivos na internet pode estar com dias contados.

Desde que o FBI (polícia federal dos Estados Unidos) fechou o site de compartilhamento Megaupload.com, há 10 dias, e prendeu seu dono, na Nova Zelândia, dezenas de outros sites passaram a fazer alterações e restringir acesso gratuito a arquivos. Mesmo com operações legais, sites como o File Sonic, Uploaded, Fileserve, VideoBB, Filepost, 4Shared, Uploaded.to e dezenas de outros fecharam suas operações, estão deletando arquivos ou restringiram acesso aos próprios usuários, permitindo apenas que quem carregou o arquivo tenha acesso a ele.

O proprietário do Megaupload, Kim DotCom, foi preso em sua mansão na Nova Zelãndia, assim como outros executivos da empresa. DotCom aguarda audiência em tribunal neozelandês e pelo menos um de seus sócios deve ser extraditado para julgamento nos Estados Unidos. A ação contra o Megaupload se baseou nas acusações de infração de direitos autorais. A medida foi tomada em meio a debates em torno das leis antipirataria Stop Online Piracy Act (Sopa) e Protect Intelectual Property Act (Pipa). No momento, o projeto de lei Pipa teve votação adiado e a Sopa foi retirada da pauta do Congresso.

Na quinta-feira, o grupo de hackers Anonymous desencadeou uma operação de ataque a diversos sites do governo americano e de empresas de mídia que apoiam as controversas leis em defesa dos direitos autorais e contra a suposta pirataria na internet. A chamada Operação Megaupload se espalhou e teve consequências até no Brasil, com sites das grandes indústrias de entretenimento, como a Universal e o MGM, sendo atacados por sobrecarga. Ao todo, mais de 100 sites foram atacados e retirados do ar por determinados períodos. Desde então, operações isoladas têm sido feitas, mas até ontem não havia uma reação coordenada sobre as mudanças na internet. Na segunda-feira, o site da Sony foi hackeado por pessoas ligadas ao grupo Anonymous, que disponibilizou (por meio de arquivos torrent) todo o conteúdo – músicas e filmes – da companhia on-line.

Críticos das propostas e das ações do governo norte-americano argumentam que as leis ferem a liberdade de expressão e que a internet desempenha um importante papel educativo. Também classificam as ações do governo americano para fechar sites de compartilhamento como ilegais, na medida em que vários deles são hospedados em outros países e as prisões, no caso do Megaupload, foram feitas na Nova Zelândia e na Europa. De qualquer maneira, a legislação sobre direitos autorais e compartilhamento de arquivos na internet é falha e passa por debates em vários países. A Europa estuda regulamentação de sites de relacionamento para que os usuários sejam responsáveis pelo conteúdo que tornam público.

Em entrevista à rádio on-line Evolver.fm, um porta-voz do site de compartilhamento Rapidshare declarou: “Nós somos diferentes de serviços como o Megaupload em vários pontos cruciais. Um das principais diferenças é o fato de que nunca tivemos a intenção de nos abster de qualquer acesso legal de nenhuma autoridade”, acrescentando que tem endereço registrado na Suíça, nomes verdadeiros de seus proprietários plenamente declarados.

A primeira reação às alterações e fechamentos de sites de compartilhamento foi a ira de seus usuários. Boa parte desses sites cobram por seus serviços e os clientes se sentem lesados por perderem dados ou simplesmente terem suas contas abolidas, sem aviso prévio.


Com informções do EM

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